SÃO PAULO – O olhar dos investidores nesta segunda-feira está voltado para a recuperação das bolsas mundiais, especialmente na China, após o país ter informado que não há novos casos de transmissão local de covid-19 desde julho. No mercado local, a atenção segue voltada para a crise entre os poderes e às novas revisões para cima da inflação, que agora pode chegar a 7,11% neste ano, segundo o Boletim Focus. No meio disso tudo, o mercado de títulos públicos negociados no Tesouro Direto opera sem direção definida na manhã desta segunda-feira (23).
Os prêmios dos papéis prefixados são negociados em leve queda ou operam próximo da estabilidade, enquanto a maior parte dos indexados à inflação têm alta das taxas.
O juro real oferecido pelo Tesouro IPCA com vencimento em 2055 e pagamento de juros semestrais, por exemplo, era de 4,89% na manhã desta segunda-feira, contra 4,82% na última sexta-feira. Da mesma forma, o retorno real pago pelo Tesouro IPCA com vencimento em 2040 e pagamento de juros semestrais avançava de 4,81% para 4,83%.
Já entre os papéis prefixados, o juro pago pelo papel com vencimento em 2031 era de 10,63% na primeira atualização da manhã, contra 10,62% na sexta-feira. No mesmo horário, o retorno do título com vencimento em 2026 era de 9,93%, abaixo dos 9,95% na sessão anterior.
Confira os preços e as taxas de todos os títulos públicos disponíveis para compra no Tesouro Direto oferecidas na manhã desta segunda-feira (23):
Radar local
Na agenda doméstica, as atenções estão voltadas para as informações apresentadas nesta segunda-feira (23) pelo Boletim Focus, do Banco Central. Segundo o relatório, o mercado financeiro elevou suas projeções para a inflação deste ano pela 20ª semana consecutiva, desta vez de 7,05% para 7,11%. Antes da primeira elevação, em 2 de abril, as estimativas apontavam para inflação de 4,81% em 2021.
As expectativas para o avanço do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) em 2022 também foram elevadas, pela quinta semana, de 3,90% para 3,93%.
Em um cenário de maiores pressões inflacionárias, o mercado financeiro tem esperado um cenário de taxa de juros mais pressionada do que o previsto no início do ano, quando a Selic beirava os 2% ao ano. Segundo os economistas consultados pelo BC, a taxa básica deve encerrar este ano em 7,50% – com um aumento de 2,25 pontos percentuais em relação aos juros atuais, de 5,25% –, se mantendo neste patamar até dezembro de 2022, portanto sem alterações em relação ao levantamento anterior.
Assim como na semana passada, é esperado pelo menos um aumento de um ponto percentual da Selic, para 6,25%, em setembro, e outro de 0,75 ponto, para 7,00% ao ano, no encontro do Comitê de Política Monetária (Copom) em outubro.
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Na cena política, investidores monitoram o que pode ser o novo foco da crise política. Na última sexta-feira (20), o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) ingressou com um pedido de impeachment contra o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), no Senado Federal.
Após a medida, Rodrigo Pacheco, presidente do Senado, foi questionado por jornalistas e respondeu: “Não antevejo fundamentos para impeachment de ministro do Supremo como também não antevejo em relação a impeachment de presidente da República”.
Ainda em destaque, Bolsonaro sancionou, na sexta-feira, a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) para 2022, mas vetou o trecho da proposta que ampliava o montante a ser repassado a fundo de financiamento eleitoral.
Cena internacional
Lá fora, após dias de forte aversão ao risco com os temores quanto à redução de estímulos nos Estados Unidos e à adoção de medidas regulatórias na China, as bolsas mundiais apresentam um dia mais positivo e de recuperação no início da semana.
As bolsas asiáticas, por exemplo, tiveram alta nesta segunda-feira, ajudadas pela notícia de que autoridades chinesas informaram que não houve nenhum caso local de Covid-19 pela primeira vez desde julho e com os reguladores avançando para abrir mais os mercados financeiros do país.
Já os preços do petróleo saltavam 3% nesta segunda-feira, recuperando-se de uma sequência de sete dias de perdas, apoiados pela desvalorização do dólar, apesar das preocupações de demanda causadas pelo aumento no número de casos da variante Delta do coronavírus.
Para os próximos dias, os investidores ficarão atentos ao simpósio de Jackson Hole, nos Estados Unidos, que começa na quinta-feira (26) e deve trazer mais sinalizações sobre o ritmo da redução das compras mensais de títulos realizadas pelo Federal Reserve e também sobre quando os membros da autoridade monetária dos Estados Unidos esperam iniciar um ciclo de aumento dos juros.
Ainda sobre o Fed, o presidente da autoridade monetária de Dallas, Robert Kaplan, um “hawk” (autoridade de posicionamento mais duro) bem conhecido, abalou as expectativas de aperto monetário na sexta-feira, dizendo que pode reconsiderar a necessidade de início precoce do aperto monetário se o coronavírus prejudicar a economia.
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Investidores repercutem ainda dados sobre a atividade na Europa. O Índice do Gerente de Compras (PMI na sigla em inglês) Markit composto para a Zona do Euro, que traz dados sobre os setores de serviços e manufatura registrou o menor patamar em dois meses em agosto: 59,5 pontos. No mês passado, o valor tinha sido de 60,2 pontos. A leitura ficou acima da marca de 50 que separa crescimento de contração, e pouco abaixo da expectativa de 59,7, segundo consenso da Reuters.
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